O TikTok, uma rede social criada originalmente com foco em vídeos curtos, parece estar fazendo o caminho inverso e realizando testes do formato de vídeos mais longos, com até 30 minutos de duração.
Essa nova possibilidade está disponível para alguns usuários selecionados e foi descoberta pelo consultor de redes sociais Matt Navarra. Ele percebeu que as opções disponíveis permitem o upload de conteúdos bem maiores que os atuais dez minutos.
Será este um fim de uma era? O TikTok está abandonando de vez os vídeos curtos e mirando para acabar com a hegemonia do Youtube?
Antes de mais nada, vamos voltar um pouco no tempo e mostrar como tudo começou:
O Tik Tok surgiu na China em 2014, mas com o nome Musical.ly, como um aplicativo voltado para as pessoas publicarem vídeos dublando músicas. Em 2016, a empresa foi comprada pela conterrânea ByteDance, mudou de nome, se popularizou e ganhou o mundo como uma plataforma de compartilhamento de vídeos curtos de humor, música e dança, com grande apelo para a viralização, oferecendo amplos recursos de edição como filtros, áudios, legendas, gifs e mais.
Mesmo tendo passado por algumas controvérsias ao longo dos anos, sendo banido em vários países e ameaçado de banimento em outros, isso não impediu o boom da rede social chinesa.
Para entender a dimensão do TikTok, alguns números:
- Está disponível em mais de 155 países, em 75 línguas
- Mais de 1 bilhão de usuários no mundo
- 3,5 milhões de downloads
- Uma pessoa média gasta cerca de 52 minutos no TikTok por dia
- 167 milhões de vídeos são assistidos no TikTok em um minuto na Internet
Segundo Scott Galloway, professor da NYU Stern School of Business, o TikTok agora atrai mais atenção por usuário do que o Facebook e o Instagram juntos. Um fenômeno, principalmente entre os mais jovens.
Agora, voltando a pergunta inicial: será que o Tik Tok está querendo tomar o lugar do youtube com os vídeos longos?
E mais, será que o novo formato cairá no gosto dos usuários e creators?
As mudanças não vêm de hoje e vem acontecendo gradativamente desde que o aplicativo surgiu. No início era permitido a criação de clipes com duração de 15 segundos. Ao longo desses quase 8 anos esse tempo foi sendo expandido, primeiro para um minuto, depois três minutos, cinco minutos e, finalmente, 10 minutos em 2023. Ainda no ano passado, o formato de 15 minutos também foi testado, mas não foi para frente.
Outro sinal de que a plataforma está dando preferência a vídeos mais extensos é o programa de incentivo que oferece monetização mais robusta para criadores de conteúdo que apostam nesses vídeos. De acordo com a empresa, quem posta conteúdos com mais de 1 minuto de duração tem, em média, cinco vezes mais seguidores do que os que apostam nos conteúdos com menor duração.
Certamente a plataforma está interessada em ocupar um novo espaço e, consequentemente, atrair mais anunciantes, já que é mais fácil monetizar conteúdo quando ele é de formato mais longo.
De acordo com o líder do setor de tecnologia na empresa de pesquisa Third Bridge, há mais possibilidades com anúncios e monetização, incluindo anúncios exibidos antes ou durante os vídeos.
Outro benefício: O novo formato pode levar as marcas a compartilhar mais conteúdos na plataforma, pois não será mais necessário dividir um conteúdo em várias partes. Com o novo limite de 30 minutos, será possível publicar episódios completos de programas de TV em um único vídeo no TikTok.
No entanto, entrar de vez no universo dos vídeos longos pode não ser uma tarefa fácil.
Por exemplo, vídeos longos em formato vertical podem ser cansativos, o que obriga os criadores de conteúdos a repensarem a forma como vão gravar os vídeos.
A mudança significativa também pode não ser uma unanimidade entre usuários e, principalmente, entre criadores.
Alguns deles temem que isso prejudique o que inicialmente tornou o TikTok tão popular: a capacidade de consumo rápido de uma grande variedade de conteúdo e de quase qualquer pessoa conseguir criar vídeos com facilidade, sem muito planejamento ou recursos.
Além disso, o esforço precisa ser grande para rivalizar diretamente com o Youtube. Vale lembrar que o youtube permite vídeos com uma duração de 12 horas. Ou seja, 30 minutos não é nada perto disso.
Conclusão
Existem os prós e contras que precisam ser considerados. Por isso mesmo que as fases de testes são sempre necessárias. Ainda assim, qualquer vislumbre de mudança acende um alerta nas demais redes sociais.
O Youtube é uma delas, com a implementação dos shorts. O Instagram seguiu na mesma linha. Desde o surgimento do tikTok realizou diversas adaptações e correu para criar produtos semelhantes, como os reels, e enfrentar a concorrência.
Como questionou Matt Navarra na mensagem acima, será que essa tendência continua?
Essas são cenas para os próximos capítulos. Vamos aguardar!
Caso a atualização se confirme, chegará como uma nova porta de entrada para conteúdos mais aprofundados, engajando um novo grupo de pessoas.
Assim como um camaleão, que consegue mudar a coloração de sua pele de acordo com o ambiente, os que trabalham com criação de conteúdo vão precisar se adaptar.
E podemos dizer que a adaptação é a chave para quem deseja permanecer no mundo digital, que vive de inovações e em permanente transformação.
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